sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Entrevista sobre Rita Cleós

Pessoal, realizei uma entrevista com uma simpática senhora chamada Monica Schadrack, irmã de Rita Cleós, a nossa dubladora brasileira de Samantha Stephens. Aqui, Monica nos revela mais sobre a vida e a personalidade dessa grande profissional a quem tanto admiramos.


Rita Cleós (em 1958) ao lado de Samantha, personagem que dublou em exatos 207 episódios de "A Feiticeira"


01. Então a Rita foi sua irmã, Monica. Ela teve muitos irmãos? Como era o seu nome completo de batismo?

Monica Schadrack: "Nome completo: Rita Schadrack. Teve 3 irmãos mais novos."


02. Conte-nos, por favor, sobre a família de Rita e sua infância. É verdade que ela morou por bons anos na Alemanha?

M.S.: "Com seus pais e seu irmão York, mudou-se para Alemanha um mês antes de romper a Segunda Guerra Mundial. Sem condições de retorno permaneceram lá durante 8 anos, sofrendo misérias, fome e terror. Quando finalmente retornaram ao Brasil apenas com a roupa do corpo, (pois perderam todos os bens na Alemanha); recomeçaram a vida com grande sacrifício e um sentimento de pesar e luto causados pela perda de um irmão (Olavo Schadrack) ainda criança na Alemanha, devido à guerra. Assim Rita passou sua infância na Alemanha, retornou adolescente sem nenhum nível escolar, pois durante a guerra as escolas não funcionaram naquele país."


03. Rita se casou ou teve filhos?

M.S.: "Seu casamento durou 5 anos e não teve filhos" (com o também ator Guilherme Corrêa, falecido em 2006).


04. Sabemos que ela começou sua carreira artística na década de 1950, participando de filmes. Foi aí que ela deixou Blumenau?

M.S.: "Sim, deixou Blumenau com poucas aulas particulares de português e outras matérias básicas. Deixou Blumenau por não suportar cidades pequenas. Começou sua vida em São Paulo trabalhando num Hospital como auxiliar em enfermagem. Foi aí que ela se dedicou a estudar teatro iniciando sua carreira artística."


05. Na Internet, seu sobrenome artístico é grafado como Cléos e às vezes como Cleós. Qual é a forma correta? E você sabe nos contar por que Rita escolheu esse sobrenome artístico – há algum significado especial?

M.S.: "A forma correta é Cleós. Originou-se de uma peça de teatro na qual ela interpretou Cleópatra com grande sucesso. Este nome foi escolhido para ela, pelos colegas e diretor."


Rita em 1965, quando protagonizava a novela
"O Cara Suja", na TV Tupi


06. Na década de 1960, Rita atuou em muitas novelas. Aproximadamente entre 1962 e 1966, esteve na TV Tupi. E entre 1966 e 1970, na TV Excelsior. Como ela lidava com o seu merecido sucesso?

M.S.: "Com grande satisfação, pois foi a forma de compensar sua infância dramática e início de carreira no qual batalhou com grande dificuldade para se manter e desenvolver sua carreira."


07. Nessa mesma época ela se iniciou na dublagem, onde também construiu uma longa e bem-sucedida carreira. Na Arte Industrial Cinematográfica de São Paulo trabalhou por 10 anos, entre 1962 e 1973, dublando muitas personagens. Quando Rita estava com a família, o que ela comentava sobre seus trabalhos? É verdade que, além de dubladora, foi também tradutora?

M.S.: "Passava minhas férias escolares em São Paulo e assisti a muitas de suas gravações ensaios, e colaborava com ela para decorar muitos scripts. Observei muitas vezes que havia no ambiente de trabalho entre colegas uma grande rivalidade, pouca honestidade, injustiças e traições. Houve anos em que ela estava bem, em plena glória e outros em que passava miséria. O ambiente artístico consegue ser muito cruel.
Rita não era mansa, pouco tinha de submissa, teve um gênio forte, de guerreira mesmo. Lembro-me pouco desta época, pois sou 18 anos mais jovem que ela. Era muito garotinha, mas lembro que os ensaios e gravações eram exaustivos e muitas vezes iam pela madrugada adentro. Rita gostava do seu trabalho apesar de tudo e representar para ela, era vida.
Ela era tradutora sim, de filmes e livros. Traduzia inglês, alemão, italiano e um pouco de espanhol. Línguas que aprendeu estudando sozinha."


Rita em 1966, época em que atuava em novelas
e dublava simultaneamente


08. Revistas antigas dão conta de que Rita sofreu um acidente em 1964, que a deixou com cicatrizes no rosto, na vista esquerda e um caco de vidro preso nos lábios por quase um ano, até que em agosto de 1965 realizou uma cirurgia para resolver o problema. Como foi esse acidente?

M.S.: "Foi um acidente de carro na Serra de Caraguatatuba. Motivo: pé pesado, adorava correr. Tanto que me dava náuseas ao andar de carro com ela."


09. Sabemos que, na década de 1970, Rita continuou dublando e também participou de peças famosas como a montagem de “Constantina”, em 1977, no Teatro Brigadeiro em SP, além de ter feito um filme em 1979. Rita continuou morando em São Paulo? Ela e a família se viam muito nessa época?

M.S.: "Rita via pouco a família, vinha pouco à Blumenau, pois havia mágoas e coisas mal resolvidas. Na época de Constantina ela estava ligada ao Kardecismo, e era fácil lidar com ela. Na mesma época faleceu nossa mãe e Rita deu à ela muito apoio e nos tornamos ainda mais amigas. Com toda sua família era comigo que mais tinha afinidades."


10. Já nos anos 1980, sabemos que Rita participou do filme “A Noite das Depravadas” (1981) e da minissérie “Maria Stuart” (TV Cultura de São Paulo, em janeiro de 1982). Depois disso ela participou de mais trabalhos no meio, ou resolveu abandonar a carreira artística?

M.S.: "Depois de 1982 ela resolveu abandonar a carreira artística devido ao intenso estresse e se mudou para Ilha Bela, onde trabalhou como tradutora e gerente de Hotel até 1988, quando se mudou para Curitiba."


11. Foi após isso que ela se mudou para Curitiba – PR? Sabe por que ela resolveu ir para essa cidade já que, pelo que sabemos, sua família estava em Blumenau – SC?

M.S.: "Rita não gostava de Blumenau e mudou-se para Curitiba porque a vida na Ilha Bela estava monótona demais, além de estar insatisfeita com seu trabalho no Hotel. Escolheu Curitiba para ficar mais perto dos meus três filhos que eram seus afilhados. Ela tinha verdadeira paixão pelas crianças, os chamava de “os meus douradinhos”. Ela fazia tudo por eles. Era festa quando ela vinha à Blumenau, as palhaçadas eram incríveis e ela adorava interpretar com eles peças de contos infantis no meio de muitas outras brincadeiras.

Muitas vezes foi como uma mãe para mim, foi amiga e confidente e em outras tantas foi a avó que meus filhos não conheceram."


12. Sabemos que Rita faleceu em 21 de maio de 1988, aos 56 anos, em Curitiba. Como estava sua saúde nos seus últimos anos? E como foi a sua partida?

M.S.: "Na verdade, Rita faleceu em 25 de abril de 1988, aos 57 anos. Nada sabíamos de sua saúde.

Decidimos em família, nada mais revelar sobre o assunto de sua morte, pois na época a imprensa humilhou seu corpo, desrespeitou e desonrou suas condições após o falecimento. É muito dolorido para nós relembrar tais fatos. Assim seu grande público terá dela as melhores memórias."


Agradeço muito a Eduardo Schadrack, sobrinho de Rita, pois foi por meio dele que realizamos esta entrevista. Agradeço imensamente também à Monica pelas preciosas respostas e revelações feitas a nós, fãs e admiradores da saudosa Rita Cleós e seu trabalho. Aos dois o nosso muito obrigado pela boa vontade e atenção para conosco!


Veja Rita bem jovem atuando no filme "Macumba na Alta", produzido em 1958:



Aqui um vídeo onde ela dubla Samantha na nossa grande série:



Já aqui, ela dublando uma convidada especial em um episódio da série "Perdidos no Espaço":



E aqui ela dublando em "Spectraman", um de seus últimos trabalhos em dublagem:



Espero que tenham gostado de saber mais sobre a eterna Rita Cleós, uma grande e inesquecível profissional do nosso país a quem aplaudiremos sempre!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

William Asher ATUANDO em "A Feiticeira"

O casal William Asher e Elizabeth Montgomery

É isso mesmo pessoal, William Asher, o produtor e diretor da série, além de marido de Liz, chegou a fazer uma pontinha em um episódio da 5ª temporada (1968), chamado 'Espelho Meu':



Aqui, Endora (Agnes Moorehead) enfeitiça seu genro James (Dick York), fazendo com que ele se torne um homem extremamente vaidoso. Enquanto está esperando o sinal de trânsito abrir, James, sob o efeito do feitiço, se admira no retrovisor do carro. O sinal abre e ele nem percebe, até que o motorista que está atrás (interpretado por William Asher) grita "Vamos bonitão!", o que faz com que ele volte à realidade, e siga em frente. Só que aí o carro de Asher não liga, o que faz com que os outros motoristas também reclamem com ele. Nessa época Asher tinha 47 anos de idade.


Asher e Erin Murphy (Tábatha), recentemente

Hoje ele está com 88 anos, e vive com sua 4ª esposa, Meredith, em Indian Wells, California, EUA. Lembrando que ele e Elizabeth Montgomery foram casados entre 1963 e 1973, e tiveram 3 filhos: William Asher Jr. (1964), Robert Asher (1965) e Rebecca Asher (1969).

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

OFF - Série "Os Waltons"

O segundo OFF do nosso blog é sobre a série "Os Waltons", um grande programa que tive a oportunidade de conhecer recentemente.




"The Waltons" é uma série americana que foi exibida pela Rede CBS entre 1972 e 1981, com um total de 221 episódios divididos em 9 temporadas. A série é baseada no livro Spencer's Mountain e no filme homônimo de 1963. E é originada do filme-piloto "The Homecoming: A Christmas Story", exibido em dezembro de 1971, com um elenco diferente. Com o sucesso desse filme, no ano seguinte estreava "Os Waltons", que rapidamente se transforma em um grande sucesso - a 2ª temporada esteve em 2º lugar no ranking das 30 séries mais vistas na época.

O programa retrata a vida da família Walton, que vivia no campo, na Virginia, na época da Grande Depressão Americana (Crise de 1929) e da II Guerra Mundial. As histórias são narradas do ponto de vista de John Boy (Richard Thomas), um garoto de 17 anos que sonha em se tornar um escritor. É ele quem geralmente abre e encerra os episódios, em flashback.


A família Walton reunida

John Boy é filho de Olivia (Miss Michael Learned) e John Walton (Ralph Waite), e neto dos também carismáticos Vovô Zeb (Will Geer) e Vovó Esther (Ellen Corby). John Boy tem mais 6 irmãos: Jason (Jon Walmsley), Mary Ellen (Judy Norton Taylor), Erin (Mary Elizabeth McDonough), Ben (Eric Scott), Jim-Bob (David W. Harper) e Elizabeth (Kami Cotler), a caçula.


John e Olivia Walton                           John Boy

A grande família Walton se mantém com o dinheiro ganho na serraria situada na Montanha Walton, mantida por eles. A família leva uma vida simples, desprovida de luxos ou regalias. John, principalmente, trabalha muito na serraria, ajudado por John Boy e o Vovô Zeb, enquanto que Olivia e a Vovó Esther cuidam da casa e das crianças. Apesar da simplicidade, a família é muito unida, correta, cheia de bons e grandes valores. Isso sempre é passado a nós nos episódios: lições de vida, amor, respeito, compreensão, solidariedade e muito mais, o que faz de "Os Waltons" um programa muito rico e marcante.


Vovó Esther e o Vovô Zeb Walton
                                                               
Com o decorrer dos anos, naturalmente, os 7 irmãos vão crescendo até se casarem e terem seus filhos, formando suas próprias famílias. Houve ainda sérios imprevistos que mexeram com o programa: o derrame sofrido pela atriz Ellen Corby (Vovó Esther) em 1977, que deixou a personagem ausente da 6ª temporada; a saída de Richard Thomas (John Boy) também na 6ª temporada, além da morte de Will Geer, ocorrida em 1978, o que faz o personagem Vovô Zeb falecer no início da 7ª temporada. Miss Michael Learned (Olivia) também deixou o programa, na 8ª temporada. Em 1981 a Rede CBS encerra a série, com o episódio 'The Revel', levado ao ar em 4 de junho.


O elenco logo no início da série

O encerramento de cada episódio é uma das marcas registradas d'Os Waltons: numa cena externa, à noite, é mostrada a casa onde vivia toda a família. Pelas janelas vemos uma luz acesa. Dois ou mais personagens conversam sobre algum acontecimento do episódio, e depois, dão-se "Boa noite!" e a luz se apaga. "Boa noite Mary Ellen! - Boa noite John Boy!".


A família que cativa fãs ao redor do mundo até os dias de hoje

Depois do fim do programa, foram produzidos mais 6 filmes para a TV. São eles: A Wedding on Waltons' Mountain (1982), Mother's Day on Waltons' Mountain (1982), A Day for Thanks on Walton's Mountain (1982), A Walton Thanksgiving Reunion (1993), A Walton Wedding (1995) e A Walton Easter (1997).

Aqui no Brasil a série foi dublada pela Herbert Richers, estreando em 1974 pela TV Globo - onde foi exibida até por volta de 1981. Entre 1983 e 1985, a TV Record resolveu reprisar parte da série. Mas depois disso "Os Waltons" desaparecem da televisão brasileira - já há 25 anos! A série já foi completamente lançada em DVD nos EUA, mas aqui no Brasil infelizmente nada até agora, nem sinal!

Postei no YouTube uma singela homenagem que fiz, reunindo fotos da série ao som da música-tema. Espero que gostem:



Há também a abertura, com a dublagem original em português, postada por outro Canal:



E ainda esta postagem do MofoTV - uma matéria do extinto programa Top TV, que foi ao ar em 1993 relembrando a série:



Você pode ainda assistir e/ou baixar uma outra boa matéria sobre a série feita pelo PH aqui:
http://www.4shared.com/file/215465357/a6db3f94/os_waltons.html

Espero que tenham curtido essa postagem sobre "Os Waltons", mais uma grandiosa clássica série da televisão. Boa noite Mary Ellen! - Boa noite John Boy! - Boa noite pessoal!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Dublagem - Raquel Martins

Publicarei aqui no blog também posts sobre os profissionais envolvidos na dublagem da série. Profissionais esses muitas vezes esquecidos pelo grande público.

Nosso 1º post é sobre a dubladora Raquel Martins (1912-1974). Foi ela quem deu voz à mãe de James, Phyllis (Mabel Albertson), na 1ª temporada, além de ter dublado também Tia Clara (Marion Lorne) em sua 1ª aparição. Ainda na 1ª temporada dublou Bertha (Reta Shaw).


Raquel em 1968, na novela "A Pequena Órfã"


Raquel (ou Rachel, como também costuma ser grafado) foi atriz e dubladora. Participou de vários filmes, novelas (nas TV's Excelsior, Globo e Tupi), além de ter feito muitas peças teatrais. Infelizmente quase nada sobrou dessas antigas novelas nas quais esteve, mas na área da dublagem temos mais trabalhos seus preservados, como sua participação aqui em "A Feiticeira".

Há quase 2 meses postei no YouTube um vídeo em sua homenagem, trazendo raras cenas suas na novela "A Pequena Órfã" (TV Excelsior, 1968/1969) e logo em seguida um trecho da nossa série com a personagem Phyllis dublada por ela:




Mais informações sobre Raquel Martins você encontra na descrição do vídeo. Aproveitem para conhecer mais sobre essa grande profissional falecida há 35 anos, e que deixou sua passagem registrada em "A Feiticeira".

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

James, o Bravo X Rufus, o Ruivo

Postei há alguns meses no YouTube um trecho do episódio 'A Ninfa Constante', da 3ª temporada da série (1966).

Michael Ansara interpreta 'Rufus, o Ruivo'

Neste episódio, Sam (Elizabeth Montgomery) viaja para o século XIV para tentar acabar com uma maldição de 600 anos colocada em James (Dick York) e seus descendentes. Lá ela se depara com James, o Bravo - um antepassado de James que na verdade não passa de um devasso. De repente aparece no castelo Rufus, o Ruivo (Michael Ansara), que diz que acamparia nas terras de James naquela noite. Os dois acabam se desentendendo e marcam então um duelo, para o desespero de Samantha nessa engraçada cena.

Sam caracterizada como uma mulher do séc. XIV

A caracterização dos Stephens nesse episódio é singular, com Samantha em antigos trajes e cabelos em tranças, e James com cabelos compridos e bigode, além dos trajes de época também. Hilário!




Uma curiosidade: Michael Ansara (atualmente com 87 anos) que interpreta Rufus era, nessa época, casado com Barbara Eden (hoje com 75 anos), a estrela de "Jeannie é um Gênio" (1965-1970).

Divirtam-se!